ATA DA NONA
SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM
30.04.1987.
Aos trinta
dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Nona Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr.
Aírton Domingues Bernardoni. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, a Sra.
Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a
conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a
Mesa; Ver.ª Teresinha Chaise, 1ª Vice-Presidente do Legislativo, no exercício
da Presidência; Jornalista João Batista de Melo Filho, Diretor-Presidente da
Epatur e representante, neste ato, do Sr. Prefeito Municipal; Sr. Aírton
Domingues Bernardoni, homenageado; Sr. João Juliani filho, Presidente da
Federação Gaúcha de Football; Sr. Mário Emílio de Menezes, representando o Sr.
Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; Sra. Marisa Bernardoni,
esposa do homenageado; Ver. Jaques Machado, 3º Secretário do Legislativo. A
seguir, a Sra. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade e concedeu a
palavra aos oradores que falariam em nome da Casa. O Ver. Werner Becker, em
nome do PSB, destacou a dificuldade do exercício da função de juiz, salientando
a capacidade do Sr. Aírton Bernardoni nesta área, bem como a imparcialidade com
que sempre atuou. Elogiou a figura do homenageado, dizendo da coragem e da
decisão com que S.Sa. sempre atuou e que o destacaram na condição de juiz de
futebol. A Ver.ª Gladis Mantelli, em nome do PMDB, disse do esforço do
homenageado em seu trabalho e afirmou o merecimento da presente homenagem.
Disse ser S.Sa. um vitorioso, uma vez que obteve sucesso em todos os seus
empreendimentos. Ao final agradeceu ao homenageado por tudo o que fez pelo
esporte gaúcho. O Ver. Aranha Filho, em nome do PFL, declarou sua satisfação
pela convivência com o Sr. Aírton Bernardoni, em determinado momento de sua
vida, quando ambos pertenciam ao basqueteball amador em Porto Alegre. Afirmou
que o homenageado havia conseguido sucesso não só na área esportiva mas também,
como empresário. Ao final, afirmou que a homenagem prestada por esta Casa se
estende também à esposa do homenageado, a qual esteve sempre presente ao lado
do mesmo. E o Ver. Auro Campani, em nome do PDT, do PDS, do PCB e do Ver.
independente Jorge Goularte e na condição de Autor da proposição que originou a
presente homenagem, discorreu sobre a vida e sobre a carreira profissional de
Aírton Bernardoni, destacando o sucesso de S.Sa. em todas as áreas as quais se
dedicou. Mencionou as diversas funções exercidas pelo homenageado, destacando a
competência do mesmo como árbitro de futebol e como empresário e enumerando
outros títulos recebidos por S.Sa.. Ao final, disse do merecimento da presente
homenagem prestada pela Casa. A seguir a Sra. Presidente convidou o Ver. Auro
Campani a proceder à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito. Após, a
Sra. Presidente ofertou um buquê de flores à esposa do homenageado, sra. Marisa
Bernardoni. Em continuidade, a Sra. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Aírton
Domingues Bernardoni, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Nada mais
havendo a tratar, a Sra. Presidente fez pronunciamento alusivo à homenagem,
convidou os presentes a passarem à Sala da Presidência, convocou os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental
e levantou os trabalhos às dezessete horas e trinta e cinco minutos. Os
trabalhos foram presididos pela Ver.ª Teresinha Chaise e secretariados pelo
Vereador Jaques Machado. Do que eu, Jaques Machado, 3º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, apóa lida e aprovada será assinada pelo
Senhor Presidente e 1ª Secretária.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do
título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Airton Domingues Bernardoni.
Solicito ao Srs. Líderes de Bancada que conduzam ao Plenário as
autoridades e personalidades presentes. (Pausa.)
Convido a fazerem parte da Mesa: Jornalista João Batista de Melo Filho,
Diretor-Presidente da Epatur e representante, neste ato, do Sr. Prefeito
Municipal; Sr. Aírton Domingues Bernardoni, homenageado; Sr. João Juliani
Filho, Presidente da Federação Gaúcha de Football; Sr. Mário Emílio de Menezes,
representando o Sr. Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; Sra.
Marisa Bernardoni, esposa do homenageado.
Com a palavra, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr.ª Presidente, Srs.
Vereadores, demais convidados, não pude fugir da tribuna no dia de hoje, eu,
que geralmente fujo nas Sessões Solenes e conto nos dedos de uma mão aquelas de
que participei, não por demérito aos homenageados, mas por achar que, em outros
momentos, em outras ocasiões, outros Vereadores têm muito mais a dizer do que
eu. Mas, neste caso, neste momento, como membro do PSB, não posso deixar de
chegar à Tribuna para dizer e repetir aquilo que Marx disse, repetindo
Terêncio, o clássico latino: “Tudo que é do povo me interessa”. E a nós
socialistas tudo o que é do povo interessa. E poucas coisas interessam mais ao
povo brasileiro do que interessa o futebol. Minha cor “clubística” azul acho
que é conhecida por todos. A cor vermelha “clubística”, que sempre entrou em
campo quando o homenageado era atleta de basquete, a cor “clubística” vermelha
é de todos conhecida. E a cor absolutamente cinza imparcial do juiz de futebol,
quando entra em campo, também é de todos conhecida. Homenageio, neste momento,
primeiramente, o colorado do basquete Aírton Bernardoni e o imparcial incolor
juiz de futebol Aírton Bernardoni. E eu, que conheço os caminhos e os
descaminhos do futebol, sei como é difícil ser imparcial dentro das quatro
linhas, principalmente depois que o futebol começou a fugir do controle popular
e começou a se tornar objeto de cobiça de grandes empresas promocionais. Sei -
e talvez o homenageado não afirme e faça bem, por uma questão de discrição, em
não afirmar - das pressões, dos jogos de interesse, não das vaias da torcida,
não do medo físico que pode impor uma torcida mais emocionada, mas das pressões
subliminares e que se exercem sobre o juiz de futebol, do meu querido amigo
ex-presidente da Federação, sobre o Presidente da Federação, sério e honrado
como foi V.Exa.
Como amante de futebol, e ingressei no campo do futebol desde guri, que
meu pai e meu avô me ajudaram a amar, como amante do futebol, que diz tanto da
paixão e da emoção deste povo, quando o desespero deste povo já está se
transformando até em decepção e descrença, eu queria dizer que nós, os que
participamos das grandes festas populares, que são os jogos de futebol, temos
que animá-las, porque não é justo nem humano que se tire do povo nem o direito
de festejar o gol, nem o direito de chorar o campeonato perdido. E eu estou
vendo, neste momento, que, graças aos interesses das multinacionais, outros
esportes, como o vôlei, fundamentalmente, e outros esportes que aqui chegaram,
não pela via popular, mas pelos interesses publicitários, estão tomando conta
da grande paixão popular que é o futebol, porque as classes dominantes têm medo
de tudo que parte do povo, que parte por emoção viva, por emoção limpa, seja de
alegria, ou seja, de dor.
Por isso, meu caro homenageado, tenho o prazer, pela primeira vez, de
olhá-lo de perto, já tendo olhado muitas vezes indignado, perdoe a paixão
“clubística”, através do alambrado, e aplaudindo decisões que talvez outros
reclamavam. Mas, no somatório de sua vida, sou testemunha, de freqüentador
assíduo dos campos de futebol. Os meus aplausos e as minhas reclamações
somaram-se de tal forma, dando uma soma algébrica de zero. Isso significa que
V.Exa. foi imparcial, porque, quando um torcedor reclama ou aplaude na mesma
proporção de um juiz de futebol, é porque esse juiz é imparcial. E ser juiz de
futebol é alguma coisa extremamente importante. E não sou eu quem diz, o
Vereador. Não é o advogado quem diz. Quem chamou a atenção da importância
decisiva e da escola que é o juiz de futebol foi, talvez, o nosso maior jurista
penal, Nelson Hungria, quando, num voto lapidar no Supremo, pressionado pelo
poder das armas, por interesses que não eram de justiça, ele disse: “eu vou,
neste momento, ter a coragem de juiz de futebol num Maracanã lotado. Eu vou
apitar o pênalti, custe o que custar. E façam comigo o que fizerem, sei que
essa decisão é inapelável e não tem recurso”. E apitou sob a vaia dos poderosos
e terminou dizendo - era uma quinta-feira: “Tomara que este país respeite ao
menos um juiz do Supremo e me dê a chance de domingo eu assistir ao Fla-Flu
para vaiar ou aplaudir o juiz”. Falo a V.Exa. repetindo alguma coisa que talvez
todos conheçam para enfatizar que, nessa hora dos destinos do Brasil, nós
precisamos ter, fundamentalmente, entre vários atributos, a coragem e, mais
ainda, a decisão rápida e recorrível, custe o que custar, dos juízes de
futebol. Eu, como Vereador, aqui, tenho, muitas vezes, decidido e votado assim,
na lição dos tapetes verdes da minha infância, da minha juventude, da minha
maturidade e, talvez, da minha velhice. Vão continuar me ensinando.
Muito obrigado pela oportunidade que o Ver. Auro Campani nos dá. Muito
obrigado aos Senhores que ouviram este Vereador do PSB. E meu apelo: voltemos
aos campos de futebol para aplaudir e vaiar os nossos times e os nossos juízes.
É uma das coisas sérias que existem dentro da sociedade brasileira a paixão
pelos clubes, porque se troca de partido, se troca de interesses, se troca de
tudo: só não se troca de time de futebol. E V.Exa., juiz de futebol, há de
zelar, tem zelado e zelou por esta paixão do povo brasileiro. Minhas homenagens
e muito obrigado em nome da torcida gaúcha!
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra, a Ver.ª
Gladis Mantelli, que falará em nome do PMDB.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, personalidades presentes, é uma honra para mim poder falar, nesta
homenagem, em nome do meu partido, o PMDB. Faço eco, aqui, das palavras do Ver.
Werner Becker, de ser também, uma mulher que, dentro do possível, evita fazer
uso da palavra em Sessão Solene e mesmo em Sessões Ordinárias desta Casa. Acho
que não sou uma pessoa que prima pelo dom da palavra em discursos formais. Mas
não me poderia furtar a uma solicitação, não só do meu partido, como, também,
do Ver. Auro Campani, propositor desta homenagem, colega desta Casa, de que
aqui viesse homenagear e dizer algumas palavras ao nosso homenageado Aírton
Domingues Bernardoni.
Quando se vê o histórico de vida do juiz de futebol Aírton Bernardoni,
do empresário Aírton Bernardoni, se vê o esforço que é esse homem, esse alguém
que veio de condições muito humildes até onde realmente conseguiu chegar. Não
vou me deter no seu histórico de vida, da sua passagem, das suas etapas e do
seu sucesso, porque isso compete, sempre, ao orador proponente. Ao orador
proponente compete trazer o histórico da vida de quem estamos homenageando.
Agora, esta Casa que se diz e que é - com todas as suas qualidades e
seus defeitos, como não poderia deixar de ser diferente - a Casa do Povo tem
por obrigação informar ao público, para quem não sabe, porque todos os que aqui
estão sabem porque Airton Bernardoni está sendo homenageado por esta Casa. É um
indivíduo que fez o que fez em toda sua trajetória de vida. Alguém que, com
esforço, garra, dedicação chegou aonde chegou, realmente, merece ser
homenageado. E, em boa hora, o nosso caro Ver. Auro Campani recupera isso,
porque acredito que Aírton Bernardoni já deveria ter recebido a homenagem desta
Casa. E o PMDB, Partido que represento, na oportunidade que votou, como toda
esta Casa, por unanimidade, na solicitação do Ver. Auro Campani, não poderia
estar ausente, pelo menos para dizer algumas palavras ao senhor pelo seu
trabalho, por aquilo que o Sr. Bernardoni fez, não só ao futebol, como diz o
Ver. Werner Becker, mas por tudo aquilo que fez pelo basquete, pelas coisas em
que se engajou, em tudo aquilo em que acreditou que valia a pena trabalhar e se
dedicar. E, neste trabalho, nesta dedicação, o Senhor é um vitorioso. A Câmara
de Porto Alegre e, em especial, o PMDB lhe desejam felicidades em qualquer
empreendimento que ainda venha a realizar. Temos certeza de que será sempre um
sucesso. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Pelo PFL, fará uso da
palavra o Ver. Aranha Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, a todos vocês, presentes nesta homenagem, eu pediria que me
desculpassem porque hoje cheguei à Câmara apenas para consultar o departamento
médico, tendo em vista que, hoje pela manhã, estava acamado. Mas não me contive
ao receber o convite do Ver. Auro Campani, momentos antes desta homenagem, e ao
mesmo tempo de escutar o Ver. Werner Becker quando homenageava o nosso
homenageado. Não me contive porque comecei a rememorar muitos anos atrás.
Lembrava do Aírton com aquela incrível camisa escarlate, nada afeito ao meu
gosto, mas que admirava nas contendas, principalmente porque ele estava ao lado
oposto. E talvez, até mesmo por isso, pelo tipo de homenageado, é que me atrevi
a assomar à Tribuna em de mangas de camisa, completamente anti-regimental.
Estas desculpas à Sra. Presidente exige-se que eu faça. Mas lembro... E aí eu
chamo os anos 60, 61, 62 e 63. Em 1960, Aírton, Madrinha, Carlos, Mussolini,
Décio, Antoninho, o Queijo, todos treinados pelo Heron Heinz. Do outro lado, o
quadro tricolor. Lembro-me de ver Cleomar, Bebeto, Canal, o Bugio, hoje o nosso
Deputado Estadual Germano Bonow, o Maninho, o Raul, o Raulzinho, e tantos
outros treinados pelo alemão Viafore que, por algum tempo, ocupou cargo na
Segurança aqui na Câmara. Mas eu, sendo do Juvenil, do Grêmio Náutico União,
vendo aquelas disputas incríveis, louco para vestir a camiseta da equipe
principal, ainda no Juvenil, lembro-me quando fomos chamados, naquela época,
pelo alemão Viafore, vestimos a camiseta do União e fizemos parte da equipe
bicampeã: o Corpão, o Garrafão, o Celso Scarpini, o Meio-Quilo, eu, Roberto
Leivas e tantos outros. Numa determinada partida com o Internacional, eu estava
no banco, no calor da disputa - e isso era muito comum - e houve uma troca de
carinhos, não muito gentis, entre o nosso homenageado e o Sérgio Silveira,
conhecido como o Meio-Quilo. Troca de tapas. O mais experiente ficou na quadra
e o menos experiente teve que sentar no banco. Imediatamente eu ocupei o lugar
do Meio-Quilo na equipe e comecei a marcar o homenageado, a quadra inteira.
Então, imaginem: numa disputa de basquete, uma sarna em cima do companheiro,
durante todo tempo, a tal ponto que o homenageado se irritou também. Mas, aí,
no calor da disputa... Isso em todas as situações! A partir de lá para cá,
acompanho, convivo e privo da amizade do Aírton Bernardoni.
Eu gostaria de chamar a atenção dos Senhores convidados e de todas as
autoridades presentes que o forjamento do caráter de uma criatura deve,
obrigatoriamente, passar pelo esporte. E a beleza que era, naquela época, o
esporte amador, que forja o caráter de tal forma que nos permite avançar para
todas as áreas da atividade, fez com que o homenageado usasse toda essa sua
experiência nos momentos de hoje, na sua iniciativa privada. Quantos e quantos
exemplos nós aplicamos, ainda no dia de hoje, lembrando daqueles tempos de
grupamento, de equipe, com amor, com suor à camiseta, que se transfere para a
iniciativa, para a sua iniciativa privada, para o seu negócio. Muitas vezes
fazemos isso na política, mas na atividade privada é o que se quer e o que se
pretende. Logo em seguida, o homenageado teve outras atividades, o que foi
muito bem lembrado pela Ver.ª Gladis e pelo Ver. Werner Becker. A partir do
momento em que se começa a jogar contra aquele seu clube de origem, por uma
afinidade qualquer - como, por exemplo, eu que era só pular o muro e estava
dentro do Grêmio Náutico União - pela afinidade que o homenageado tinha e tem
com a comunidade judaica, essas coisas - como disse o Ver. Werner Becker -
quando não existe um compromisso maior a não ser pelo esporte e por esporte, se
consegue, principalmente, na área - o que hoje é mais do que comum -
profissional. E calculo, inclusive, como o homenageado, na sua atividade nos
campos de futebol como árbitro, da maneira isenta como olhava e olha as disputas.
E ainda hoje assistindo aos jogos de futebol do meu Grêmio, do qual sou hoje
conselheiro, consigo colocar a paixão um pouco de lado, na tentativa de
analisar o jogo como esporte, penso que ainda consigo analisar o jogo do meu
Grêmio. É exatamente rememorando aqueles tempos de antigamente, quando também
joguei contra o Grêmio, quando o Aírton jogou contra o seu Internacional, que
falamos da maneira isenta como se podem ver as coisas. Mas tudo isto, todos
estes ensinamentos, meu caro homenageado, são transferíveis para a iniciativa
privada na qual tu também foste vitorioso. Mas uma pessoa ao teu lado
proporcionou que tivesses todas essas conquistas. Por isso, eu também a
homenageio nesta data em que a Cidade reconhece em ti o “Cidadão de Porto
Alegre”. Homenageio tua esposa Marisa. Meu caro amigo Aírton, o PFL, na minha
pessoa, te homenageia. O teu amigo te homenageia. Parabéns! A Cidade de Porto
Alegre te abraça. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Passamos a palavra ao
proponente desta Sessão Solene para homenagear Aírton Bernardoni, Ver. Auro
Campani, que falará em nome da Bancada do PDT.
O SR. AURO CAMPANI: Sr.ª Presidente, Srs.
Vereadores, Senhoras e Senhores, como bem disse a Ver.ª Gladis Mantelli no seu pronunciamento,
cabe ao autor da proposta dizer algumas coisas sobre a vida e a história do
homenageado, e é isto que vou fazer neste momento, se bem que muito tenho
também a dizer além de narrar a história da vida de Aírton, coisas da nossa amizade de muito tempo.
No dia 26 de março de 1931, nascia em Porto Alegre, capital do nosso
glorioso Estado do Rio Grande do Sul, o cidadão Aírton Domingues Bernardoni.
Filho de pais humildes e pobres, muito pobres mesmo, mal podia fazer duas
refeições diárias, pois o salário do pai era o mínimo e outros irmãos
partilhavam da mesa. No reparte, pouco era dividido pela família, condição esta
que hoje lembra Aírton com muita emoção e orgulho e sempre com a humildade que
é própria dos vencedores. Cedo, muito cedo mesmo, partiu para o trabalho. Já
aos 7 anos, andava de cinema em cinema para substituir os ausentes vendedores
de balas, biscatear alguns centavos e, assim, melhorar o prato de cada dia e
com isso ajudar o pai e a família. Mas Aírton Bernardoni não se deixava abater
pela sua condição de pobreza. Muito pelo contrário, trazia sempre no rosto um
sorriso e uma expressão de alegria e confiança, pois sentia que um dia seria um
vencedor. Aírton era um garoto esperto e dinâmico, e já nesta idade, com apenas
7 anos, mostrava seu interesse pelo esporte. Sempre, nas horas vagas, quando
não estava trabalhando ou estudando, poderíamos, com certeza, encontrá-lo na
pracinha Florida, pracinha esta muito tradicional de nossa cidade, no 4º
Distrito de Porto Alegre, onde, na época, era promovidas as chamadas Olimpíadas
de Praças. Ali encontrávamos Aírton assistindo as crianças do bairro a
praticarem esportes, assistindo e não participando porque, naquela época,
somente os filhos de pais mais abastados podiam participar. E Aírton era filho
de pais pobres! Mas o jovem garoto não se chateava com isso e lá estava ele,
correndo por fora das quadras, acompanhando a trajetória da bola, de um lado
para outro, imaginando, na sua inocente cabecinha, o sonho de estar
participando da partida.
E foi num destes dias de glória
para Aírton Domingues Bernardoni que, na falta de um dos garotos de uma equipe
de basquete, foi convidado pelo Sr. Milton Pozzolo, ex-Ver. de Porto Alegre,
então treinador desta equipe, a completar o time para que o mesmo pudesse
iniciar o seu treinamento. Ao receber o convite, Aírton levou um choque, pois
não acreditava no que estava acontecendo. Aceitou o convite e entrou no time
com toda a vontade e a garra de um vencedor. Era a sua hora, era a sua vez, e
muito embora sendo um garotinho sem nenhuma técnica e experiência, demonstrou
muita garra, vontade, dedicação e disciplina e, principalmente, rapidez e
vivacidade em assimilar as ordens táticas do técnico, qualidades estas que
despertaram no Sr. Milton Pozzolo o interesse por Aírton. A partir daí, começou
a convidá-lo a participar de outros treinamentos da equipe na pracinha Florida,
iniciando, assim, a trajetória de Aírton D. Bernardoni no mundo dos esportes.
Hoje, Aírton guarda na sua memória e no seu coração um grande carinho,
reconhecimento e admiração pelo Sr. Milton Pozzolo, e ele mesmo é quem diz:
“Muito devo a este cidadão amigo que nunca olhou para a minha condição de
pobreza e humildade, e sim valorizou as minhas qualidades e muito me ensinou e
me incentivou em matérias do esporte, mostrando para mim um novo caminho a
seguir”.
Aírton Bernardoni, a partir daí, adotou aquela pracinha, conquistou
seus vizinhos e fez muitos amigos. Ali começou a demonstrar todas as suas
qualidades, dedicação e amor pelo esporte, e nas Olimpíadas da Praça,
realizadas todos os anos pela comunidade, conquistava troféus e medalhas,
sendo, por diversas vezes, campeão nas mais diversas modalidades de esporte,
como, por exemplo, no voleibol, basquetebol, xadrez e outros. Com o passar do
tempo, foi se tornando um dos melhores atletas da praça e um orgulho da
comunidade local, sendo diversas vezes convidado a representar e jogar por
equipes de destaque de nossa Cidade. Pelo Florida (então nome do clube da
Praça), foi campeão infantil nos anos de 1947, 1948, 1949 e campeão juvenil
pelo mesmo clube nos anos de 1950 e 1951. Mas Aírton era pobre e tinha que
trabalhar. Não tinha todo o tempo disponível como as demais crianças da sua
idade. Pelo seu esforço, vontade, dinamismo, dedicação e, acima de tudo, honestidade,
aos 12 anos de idade passou a executar trabalho fixo, como vendedor de balas no
cinema Colombo, já agora tranqüilo, pois, além de uma percentagem nas vendas de
balas e doces, percebia um fixo, que, embora pouco, já ajudava os pais. Ainda
menor, passou também a trabalhar na Metalúrgica TULIPAN, como Auxiliar de
Metalúrgico, e, paralelamente, prosseguia com seus estudos com grande
sacrifício. No trabalho, era dedicado e dinâmico, e sempre com alegria e muito
interesse procurava aprender tudo dentro da metalurgia. Aos 16 anos de idade,
já operário especializado, foi convidado e aceitou trabalhar na Siderúrgica
Rio-Grandense como laminador, lá ficando até os seus 18 anos de idade, já agora
com um salário igual ao do pai. Contribuía com tudo para o orçamento da
família. Novo convite e um salário um pouco melhor, lá foi Aírton D. Bernardoni
trabalhar nas Indústrias Zivi-Hércules S.A., como polidor, tendo lá permanecido
até o ano de 1956, onde fez centenas de amigos e admiradores. Paralelamente às
suas atividades de operário, praticava esportes nas próprias indústrias, nas
horas de lazer. O basquete era seu esporte favorito, passando a realizar
treinos diários e noturnos, aperfeiçoando-se tecnicamente, e muito cobiçado por
grandes equipes de Porto Alegre.
Como prêmio por sua dedicação e amor ao esporte e muito especialmente
ao basquete, aos 16 anos de idade foi convocado, integrou e jogou pela seleção
gaúcha juvenil de basquete em Goiânia, sagrando-se campeão e tendo sido o
cestinha da equipe, pelo qual foi agraciado com medalha de ouro, com isso já
deixando a sua marca e o reconhecimento por todos de suas qualidades fora das
fronteiras do nosso Estado. Foi campeão pelo SESI nos anos de 1952 e 1953 nas
modalidades de basquetebol e voleibol. Em 1954, no auge do Grêmio Esportivo
Renner, foi convidado para jogar basquetebol, o que fez, sagrando-se campeão
nos anos de 1954 e 1955. Nas Olimpíadas do SESI, em 1956, foi campeão de remo
(4 x 1 com timoneiro) e de basquetebol pela empresa Zivi S.A., e também pelo Clube
de Regatas Barroso.
Em 1957, foi convidado e
aceitou jogar basquetebol pelo S.C. Internacional, seu clube de coração, o que
fez até o ano de 1961, sagrando-se campeão em todos os anos, na Capital, e
campeão estadual nos anos de 1957, 58, 59, 60 e 61, recebendo, do Conselho
Deliberativo do S.C. Internacional, o título de Atleta laureado, galardão
máximo do clube do povo gaúcho, pelos títulos conquistados e pelo esforço,
entusiasmo e garra com que sempre defendeu o clube no decorrer de todos os anos
que atuou pelo mesmo. Retirava-se Aírton D. Bernardoni do S.C. Internacional,
onde até hoje é e sempre será um símbolo e exemplo de atleta, amigo e
companheiro, para ingressar no Grêmio Esportivo Israelita Clube, que, na época,
criava o seu departamento de basquete e passava a disputar a 2ª divisão da
Federação Gaúcha de Basquetebol.
Também no ano de 1957,
ingressava na Fábrica de Móveis Santa Cecília, como funcionário, passando a
trabalhar em todos os setores em que era solicitado, quer no setor de indústria,
quer no setor de vendas, ou também no setor de compras e administração. Sempre
atendia a todos com um sorriso, e seu trabalho se prolongava até o sábado à
noite. Na fábrica de Móveis Santa Cecília, trabalhou durante 19 anos, e, de
funcionário que chegou na fábrica, galgou as promoções de chefe de seção,
gerente de fábrica, e, por fim, galgou a sócio de empresa, como prêmio a seu
trabalho, seu entusiasmo e, acima de tudo, por sua grande honestidade e
capacidade, tendo a fábrica, no decorrer destes 19 anos, evoluído de forma
extraordinária.
Trabalho e esporte eram praticados com amor e dedicação e assim, mais
uma vez em 1962, disputando basquetebol pelo Grêmio Esportivo Israelita,
sagrou-se campeão da 2ª divisão, promovendo, desta forma, o clube para a divisão
principal de basquetebol do Rio Grande do Sul. Já no mesmo ano de 1962, saía
vice-campeão da Capital pelo Grêmio Esportivo Israelita.
Além das virtudes e glórias já mencionadas, foi também um dos melhores
e mais conceituados árbitros que o futebol brasileiro já conheceu, sendo o seu
nome reconhecido em todo o País e no exterior pela sua honestidade, dedicação e
talento com que sempre encarou o trabalho e trilhou sua vida. Aírton foi um
árbitro de grandes jogos, de grandes decisões por este Brasil afora, e um dos
principais árbitros de grandes “grenais” do nosso Estado, sendo, diversas
vezes, homenageado pela imprensa por sua atuação. Na sua gloriosa, vitoriosa e
talentosa trajetória como árbitro de futebol, podemos citar alguns dos tantos
fatos de sua brilhante carreira: diplomado árbitro gaúcho em 1967; ingressou
com méritos no quadro nacional de árbitros em 1971; ingressado aspirante à FIFA
em 1981; considerado pelos órgãos competentes e a imprensa em geral como o
melhor árbitro do Rio Grande do Sul nos anos de 1983 e 1984; recebeu o título
de árbitro benemérito do Sindicato da categoria; foi escolhido como 1º árbitro
gaúcho instrutor da COBRAF pelo Cone Sul; foi laureado pela CBF por relevantes
serviços prestados à arbitragem no Brasil, homenagem esta considerada o
galardão máximo da Confederação Brasileira de Futebol; e um dos dados mais
relevantes em sua carreira foi o seguinte: “Foi o primeiro árbitro a atingir a
idade limite para apitar, estando o mesmo, nesta oportunidade, em plena forma
física e psicológica, sendo que, em função destas condições plenas, o mesmo foi
convidado a continuar apitando, o que levou também a Federação Gaúcha de
Futebol a ter que ampliar a idade limite para os árbitros”.
Por ocasião do encerramento de sua carreira como árbitro, apitou
recentemente na cidade de Curitiba (Paraná) um jogo festivo entre a Seleção
Brasileira e a Seleção Peruana, sendo, na oportunidade, homenageado com diploma
da COBRAF, além de outros grandes prêmios, inclusive da imprensa local.
Além de filho dedicado, excelente e honesto trabalhador, de atleta
disciplinado, exemplar e vitorioso, árbitro laureado nacionalmente, de exemplar
conduta e capacidade profissional, e que com todas estas qualidades elevou em
todo o País e no exterior o nome do nosso glorioso Estado do Rio Grande do Sul
e, principalmente, o nome da nossa Capital, Aírton D. Bernardoni foi e é, até
hoje, um esposo exemplar e um pai dedicado, um exemplo para as famílias de
nossa comunidade gaúcha, casado a 34 anos com Dona Marisa Gomes Bernardoni e
pai de dois filhos e uma filha - Nelson, Nilson e Nilcemara - que o adoram e
sempre o acompanham, tendo, no pai, um espelho e um exemplo de vida, um amigo,
um confidente e um conselheiro. Aírton reconhece que, se não tivesse ao seu
lado dona Marisa, talvez muito dessa trajetória gloriosa de sua vida não
tivesse se concretizado, pois Marisa além de ser uma esposa dedicada,
companheira inseparável, foi e é, até hoje, aquele braço amigo que todo grande
homem precisa ter ao seu lado, principalmente nas horas mais difíceis da vida,
aconselhando, apoiando, dado tudo de si para a valorização do companheiro. E é
o próprio Aírton que sempre diz: “Muito de minha carreira devo à Marisa e aos
meus filhos, que de muito abdicaram e sempre me incentivaram, principalmente
nos momentos difíceis da minha vida, o que reconheço e sempre procuro
recompensar com muito amor, carinho e atenção”.
Atualmente, com 53 anos de idade, labuta em sua empresa “Bernardoni
Materiais de Construção Ltda”, em nossa Capital, sendo uma das maiores do ramo,
juntamente com sua esposa e filhos, dando a todos mais uma prova desta
maravilhosa harmonia familiar. Quem visitar a sua empresa, deparar-se-á com o
seu escritório repleto de troféus, medalhas, diplomas, fotos históricas,
cartões de ouro e de prata, frutos de sua brilhante e gloriosa carreira de
desportista.
Tenham os Senhores a certeza de que este diploma que hoje entregamos a
este Cidadão Emérito de Porto Alegre era o reconhecimento que faltava por parte
de nossa Cidade a este homem que, por tantos anos, elevou e glorificou o nome
de Porto Alegre pelos campos e quadras de esporte no Estado, no País e no
exterior. E tenham a certeza, também, que amanhã já poderemos encontrar este
diploma afixado em lugar de destaque no escritório de Aírton, e, com muito
carinho e orgulho, guardado num cantinho todo especial do seu coração.
Todavia, Aírton Domingues Bernardoni não abandonou sua grande paixão,
que é o esporte, pois sempre que solicitado apita jogos benemerentes ou dá
palestras de orientação a árbitros do interior, sempre gratuitamente, o que
prova, sem sombra de dúvida, ter sido e continua sendo este homem um amante do
esporte, pelo que merece de todos nós o carinho, o reconhecimento, o respeito e
admiração. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Neste momento, convido os
Srs. Vereadores e assistentes do Plenário para que, em pé, assistamos à entrega
do Título de Cidadão Emérito a Aírton Domingues Bernardoni.
Tenho o prazer de solicitar ao proponente Auro Campani para que faça a
entrega do título.
(O Sr. Auro Campani faz a entrega do título ao Sr. Aírton Domingues
Bernardoni.) (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): A mim cabe fazer a entrega
das flores à Sra. Marisa Bernardoni. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Naturalmente que depois de
ouvir os Srs. Vereadores fazerem a exaltação à vida de Aírton Bernardoni, todo
o Plenário e toda a assistência está com muita vontade de ouvir as palavras do
nosso homenageado.
O SR. AÍRTON BERNARDONI: Meus amigos, eu não tenho o
dom da palavra, por isso, peço desculpas a todos que me conhecem. Vou quebrar
um pouquinho aquela praxe de trazer o discurso no bolso, até muito bonito, mas
vou me furtar de ler porque não é o meu feitio. Vou tentar transmitir alguma
coisa de dentro do meu coração. Portanto, eu peço licença à Presidência da
Mesa, ao meu querido amigo Batista Filho, que me deu a liberdade de tratá-lo
assim, hoje representando o nosso Prefeito; nosso Secretário da Mesa, Sr. Mário
Emílio de Menezes, que, na época, foi meu diretor e a quem admiro muito. Quero
dizer aos Senhores que, ao longo da minha vida, eu tive muitos momentos de
emoções. Recebi várias homenagens e, principalmente, aquela emoção de um juiz
de futebol de estar dentro de um Estádio Olímpico, um Beira-Rio lotado, ou,
ainda, um Maracanã lotado, como estive várias vezes. A emoção é muito grande,
podem crer os Senhores. A
responsabilidade é imensa. Mas não é o mínimo da emoção de hoje, porque, depois
de ouvir as palavras proferidas aqui, neste Plenário, inclusive por este
querido amigo Werner Becker, que tem o dom da palavra, o que profundamente me
calou foi a palavra do amigo Aranha Filho, e também meu querido amigo Auro
Campani, ao qual vou ser eternamente grato pela homenagem, a qual acho que é a
máxima que um cidadão pode receber na sua vida. Mas gostaria, também, de
prestar uma homenagem aqui, porque esta Casa também faz parte de um todo, de
uma Prefeitura. Talvez a minha vida tenha sido pautada, iniciada, talvez pela
orientação de uma Prefeitura, porque tínhamos, na época em que eu era muito
jovem, como disse o Campani... Eu comecei dentro da Praça Florida a minha vida
esportiva. Então, talvez, no meu caso, como no de muitos jovens que iniciaram a
vida ali, não tenham se marginalizado devido àquela orientação que tinham, nas
praças, com seus instrutores, naquela época, fazendo as suas olimpíadas. E ali
tínhamos o lazer e o esporte a praticar. Lá éramos orientados. Talvez ali tenha
iniciado a minha vida não só esportiva, se não tivesse essa oportunidade, quem
sabe lá hoje onde não estaria!
A emoção, hoje, é muito grande de ver pessoas que se criaram dentro de
uma praça - o Aranha, o Zanella, que se criou dentro da Praça Florida. Temos
aqui Milton Pozzolo, que foi Vereador desta Casa, que também se criou na Praça
Florida. Meu querido presidente da Praça Florida, na época, Alexandre Zacchia,
que também teve participação muito importante na minha vida, porque, na época,
me aceitaram e, devido a minha idade, me orientaram. Eu procurei seguir os
exemplos e, hoje, não me arrependo. Por isso, eu digo que boa parte da
homenagem prestada por esta Casa também é dedicada à Prefeitura por ter me
orientado quando jovem. Como eu não vou me emocionar vendo pessoas que hoje
estão me prestigiando? O querido Paulo Sant'Ana, com o qual travei grandes
debates esportivos, mas sabendo sempre nos conduzir dentro do esporte. Como o
Isaac Ainhorn, hoje Vereador. Conhecemo-nos há tantos anos na Colônia
Israelita! O querido Diretor Nestor Ludwing. Meu querido Presidente Melson
Tumelero. Romeu Masiero. E tantos amigos! Desculpem-me esquecer alguns nomes. O
Ver. Kenny Braga! É uma emoção muito grande, meu querido irmão, meus filhos. (O
homenageado se emociona.) Nosso Presidente do Sindicato, representando os meus
vários amigos que lutaram comigo uma vida. E vamos continuar lutando para que
seja reconhecida, não só reconhecida, como ela é, mas como dizia o Ver. Werner
Becker: ela é reconhecida no mundo inteiro, mas não é regulamentada, infelizmente.
Estamos lutando, mas um dia chegamos lá. Ela vai ser regulamentada, porque é
uma profissão. É uma responsabilidade muito grande, como dizia o Ver. Werner
Becker: a responsabilidade de um juiz de futebol, de um árbitro de futebol, os
interesses, a vida social que nós temos, as pressões, e a participação que tem
o futebol é muito importante. Então, o árbitro tem que ser reconhecido para
terem validade as suas partidas, porque, se não o for, elas não valem nada. É
necessária a regulamentação.
Estou emocionado por esta homenagem hoje prestada a mim e quero,
simplesmente, dizer que eu não fiz mais do que procurar ter uma conduta de vida
sempre pensando - posso ter cometido algumas injustiças - em praticar o bem,
ser honesto e correto nas decisões. Sempre procurei, dentro de qualquer
segmento, ter credibilidade. Esta foi uma das maiores preocupações que tive na
minha vida, desde jovem, como disse o Campani, muito pobre. Às vezes não tinha
um calçado... (Todos, em pé, batem palmas.) Desculpem-me. A emoção é muito
grande. Muito obrigado. Mas, completando, mesmo não tendo um calçado para pôr,
não tendo, às vezes, uma alimentação mais digna, procurei sempre trabalhar e
nunca sair fora daquilo que achava que era o que queria almejar: ter uma
família, ter filhos e fazer alguma coisa que, amanhã ou depois, fosse
reconhecida. E hoje, graças a Deus, pelo pouco que fiz recebo tamanha
homenagem, que acho que nem mereço, porque tenho certeza que há pessoas que
fizeram muito mais do que eu. Mas uma coisa posso dizer aos Senhores: acho que
tenho condições. Se dei alguma coisa dentro do esporte, como árbitro, como
atleta e, hoje, como dono de loja, tenho condições de dar muito mais à nossa
Cidade. Sei disto porque eu também participo da política. Nós todos
participamos. E procuro trabalhar para a nossa Cidade, o que eu puder fazer
pelo futuro eu farei. Por último, só queria fazer uma homenagem muito especial.
Tudo isto que aconteceu em toda a minha vida se chama Marisa Bernardoni.
(Palmas.) Se não fosse ela, eu não estaria hoje aqui, tenho certeza. Minha
esposa batalhando, muitas vezes com sacrifício, conseguiu trazer-me até onde
estou hoje. Por isso, esta homenagem é toda dela, sinceramente. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Após ouvir o nosso
homenageado, muito pouca coisa resta para ser dita, apenas que, neste exato
momento, esta Presidência está conhecendo aquele homem admirado em todo o
Estado e em todo o País, a figura do esportista nacionalmente aclamado, a
figura do árbitro imparcial, que em suas atitudes, aprendeu a conhecê-lo e se
sente muito feliz e muito gratificada por ter conseguido isso. Ao mesmo tempo,
também quero dizer ao nosso homenageado, roubando um pouquinho a sua emoção,
que as afinidades nos assemelham muito. Somos ambos de 34, ambos muito pobres,
ambos filhos de operários, conseguimos galgar estas posições através do nosso esforço e dedicação. Estamos aqui,
também, ilustre homenageado, dentro de um campo, onde a nossa imparcialidade,
também como juiz na direção dos trabalhos, faz com que - seguindo o exemplo que
a gente aprende a ver e assistir - consigamos, no decorrer das partidas que se
desenrolam nesta Casa, aprender a desenvolver uma atitude correta, nobre e
digna que a vida nos impõe através de exemplos, como o vindo do nosso
homenageado. Que neste final de tarde, neste outono maravilhoso que sempre
cobre a nossa Cidade de Porto Alegre, a emoção atinja os nossos corações, e que
Deus derrame as suas benções nesta Casa, que é a Casa do Povo, por poder, em
momentos tão belos, tão ternos e tão emocionantes, homenagear as pessoas da
Cidade de Porto Alegre quando elas realmente merecem! Neste momento, esta
Presidência, com muita felicidade, se orgulha de poder presidir esta Sessão
que, em muito boa hora, o Ver. Auro Campani propôs. A Casa sente-se gratificada
em poder homenagear Aírton Bernardoni não só como juiz de futebol, como figura
exemplar de atleta, mas, principalmente, como homem e como cidadão. Meus
respeitos, minha homenagem e admiração! A Cidade está de parabéns. (Palmas.)
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente
Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 17h35min.)
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